PONTO DE CULTURA E LEITURA ARCA DO AXÉ
ATIVIDADES DE DOMINGO A DOMINGO,CINECLUBE,BIBLIOTECA,INFORMÁTICA E AUDIO VISUAL,DANÇA AFRO,PERCUSSÃO,RECONSTRUÇÃO DAS ARTES,COLETA SELETIVA,GESTÃO SOCIAL E REDE......
------------------------------------------------------------------
TEMA CARNAVAL 2014.....
O BLOCO AFRO ARCA DO AXÉ,TEMA 2014 ,OS ENGOMAS DE ORIGEM BANTU,DESFILA QUINTA AS 20 HS NO CIRCUITO BATATINHA,DOMINGO E TERÇA NO AFRODROMO,AS 18 HORAS NO CAMPO GRANDE, COM ANA KALLYS,SAMBA DE ENGOMA,CARLINHOS BROWN,ESTAMPA DAS INDUMENTÁRIAS ASSINADA POR ALBERTO PITTA E A REDE DE ENTIDADES DE MATRIZES AFRO BRASILEIRAS,QUE COM SEU TRABALHO SÓCIO-CULTURAL-EDUCATIVO ,CONSTROI A VERDADEIRA IGUALDADE E O RESPEITO A DIVERSIDADE NA RAÇA E NA CORAGEM DE NOSSAS ANCESTRALIDADE.COM APOIO DO PROJETO CARNAVAL DO OURO NEGRO-SECULT-CCPI-BAHIA E PARCEIROS.
HOMENAGEM A JOSÉ OLISSAN,OS TEMOSOS DO SAMBA,TONHO MURITIBA,LUIZA DO BEIRU DA CRECHE ESCOLA,TEREZINHA DE OXUM DO ASV,IZABEL DA GOMA,IRAILDES DO ALAKA-AFONJA,URANIA,DUDU,NOEMIA,DEBORA FREITAS DA ANGOLA BRANCA,FAMÍLIA ROCHA DA USINA DE SÃO FELIX,IVAN CARVALHO DE ARIGOFI,MARCOS RODRIGUES,RENATO DE OXOSSI,MÁRIO GUSMÃO,ROBERTO DO BEIRU,A BAIANA DIDICA DE OGUM MARINHO,YALORIXA DILCELIA DO TOLOGI,VALTER DO JOGO DE IFÁ,BRANCO E YALORIXA DONA DALVA DO ILÊ AXÉ OROMIN,LOLLY TRAQUITANO ESTILISTA,MESTRE SÓRO,CARLOS SIMON,JAIR ESQUERDINHA DA RÁDIO HITS,AFRO E NEGA JHOW,EVILAZIO SAPATÃO,DOUTOR MAROCA,SÉRGIO ICARO,IVERSON OLIVEIRA,MESTRE JAIRO AUGUSTO,MESTRE BOCA DA PINDONBEIRA,SEU NEM E DONA AMALIA DA CHULA DE AMARGOSA,IVETE SACRAMENTO,JOSÉ CARLOS LIMEIRA O POETA,RAIMUNDO ARTS ,GILBERTO DA CONEN-NIGER OKAN,EDVALDO BOLAGI,MIGUEL DA CASA DO SAMBA SANTA CRUZ-ASSEBA-SALVADOR,FATIMA FRÕES,PAULO LIMA,CINEASTA SERAFIM DA FACOM,EMILIANA ,VALENTIM,ANA BATISTA,CLEOMAR DA UNEB, OLODUM,O ILÊ AIYÊ,MUZENZA,MUNDO NEGRO,ALBERTO PITTA E MUITOS OUTROS QUE CONTRIBUEM PARA A RESISTÊNCIA E O RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS.
"SÓ HÁ UM REI,QUE É DEUS" AXÉ,SAÚDE E PAZ PARA TODOS...
FECE DA ARCA DO AXÉ...NO ENFRENTAMENTO DOS PROBLEMAS SOCIAS NO BRASIL E NO MUNDO ,COM A REDE DE MULTIPLICADORES........PARTICIPE PROTESTE,BOICOTE, REAJA PELO BEM COMUM,NÃO POR MEIA DUZIA,DIGA NÃO A DEMOCRATURA E O PUTEIRO DESGOVERNADO...
--------------------------------------------------------------------
2013....REFLEXÃO...
“OS ENGOMAS DE ORIGEM BANTU” ORIGEM DO NOME DO BAIRRO DE ENGOMADEIRA,ONDE NAS FONTES SE LAVA-SE ROUPAS DE GANHO DESDE DA EPOCA DA ESCRAVIZAÇÃO,É NO DICIONARIO BANTU –LINGUA AFRICANA(ANGOLA-CONGO) QUE AFIRMA A PRESENSA MARCANTE DESSA ORIGEM NESTE LOCAL,SIGNIFICA TAMBOR,O TOCADOR DO ENGOMA XICARONGOMA,QUE ENGOMAR É ACORAR O TAMBOR OU PASSAR GOMA NA ROUPA ,VERSÃO ONDE VIVE OS TAMBORES ;ONDE AO ARREDOR DO QUILOMBO DO CABULA-BEIRU;SE ENCONTRA DIVERSOS TERREIROS DE CANDONBLÉS E SUAS NAÇÕES; QUE A SECULOS SE MISTURAM CULTURALMENTE;OU MELHOR DIZENDO, DESDE O VELHO MUNDO TRIBAL AFRICA-BRASIL;DIVERSOS GRUPOS DE MATRIZES AFRO BRASILEIRA,PERSONALIDADES E TODA UMA HISTÓRIA QUE AOS POUCOS PENETRA NAS ESCOLAS E NESSA NOVA GERAÇÃO; QUE VEM SENDO REGISTRADA PELO CENTRO DE MEMÓRIA ARCA DO AXÉ (IBRAM-MINC)E PELOS MULTIPLICADORES DO PONTO DE CULTURA E LEITURA ,A ESCOLA E BIBLIOTECA COMUNITÁRIA ENGENHO DOS NEGROS ,O SAMBA DE ENGOMA E A REDE DE CULTURA ENGOMA-BEIRU-CABULA-SALVADOR-BAHIA-BRASIL.
SITE DO CENTRO DE MEMÓRIA ARCA DO AXÉ
https://arcadoaxe.comunidades.net/
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
HISTÓRICO
A ASSOCIAÇÃO CULTURAL, COMUNITÁRIA E CARNAVALESCA ARCA DO AXÉ E A ESCOLA E BIBLIOTECA COMUNITÁRÁRIA ENGENHO DOS NEGROS, NASCEU DE UM GRUPO FOLCLÓRICO EM 20 DE NOVEMBRO DE 1996, FORMADO POR DIVERSOS ARTISTAS, EDUCADORES E A COMUNIDADE DO BEIRU, ENGOMADEIRA E CABULA. NOSSAS ATIVIDADES VÃO DESDE A ESCOLA E BIBLIOTECA COMUNITÁRIA (COM EDUCAÇÃO INFANTIL, ALFABETIZAÇÃO, CURSOS PROFISSIONALIZANTES DE JOVENS E ADULTOS), HORTA COMUNITÁRIA, OFICINA DE DANÇA AFRO, PERCUSSÃO, ARTESANATO, MÁSCARAS, MÚSICA, INFORMÁTICA, IDIOMAS, CALÇADOS, ÁUDIO-VISUAL, SAMBA DE ENGOMA ATÉ A PARTICIPAÇÃO NO CARNAVAL E FESTAS POPULARES COM A PARCERIA DE VÁRIAS ENTIDADES DA REDE DE CULTURA ENGOMA – BEIRU - CABULA-SALVADOR-BA-BRASIL. TEMOS AINDA GRUPOS DE MANIFESTAÇÕES FOLCLÓRICAS (CAPOEIRA, MACULELÊ, BUMBA MEU BOI, ALA DE BAIANAS E A PERCUSSÃO DO SAMBA DE RODA E SUAS FUSÕES), ENVOLVENDO A PARTICIPAÇÃO DE ADOLESCENTES, JOVENS, ADULTOS E IDOSOS, PROTAGONISTAS E HERDEIROS DA RESISTÊNCIA AFRO BRASILEIRA
APRESENTA
“POEMAS QUE VEM DO ORI”
Correção ; Marcos Rodrigues-Jornalista,Crítico , Militante do Movimento Negro e Pesquisador da Cultura Afro Brasileira.
Vendo a ociosidade nos rondar
Levantei uma bandeira
E um exército de ideais
Em versos e poesia
Tanto fazia ser noite
Pois quando acordava lá estava o dia
Escrito, inspirado em tudo que via
Sentia o orgasmo e letras viravam melodia.
Me chamaram de louco, não liguei
Quando soavam os cânticos em evolução
Sabedoria se desenvolvia dentro dos meus pensamentos
Mirabolantes, fantásticos
Viaja num espaço desconhecido
No pântano dos malditos
Mas a tristeza sempre transformei
Em alegria, porém eu sou triste,
Louco e sem dinheiro no bolso.
O sonho virou realidade
A comunidade unida
Fez o sonho virar realidade
Na horta plantamos sementes
Na escola crianças contentes
Até os buracos fétidos se transformaram
Hoje 600 metros de rua na Baixa do Reggae
Se oficializou na Engomadeira, isso é cultura.
De xicarangoma, goma, de goma, de engoma
O couro para o xirê festejar... mão no pilão
Águas límpidas da Baixa de Nanã
Fontes, sapos, sede, quilombos do amanhã.
Hoje os sonhos já deram passos
Reagem os corpos inocentes
Do povo que aportou em terra brazilis
E o vento áfrico nas flautas nativas,
Pois os peles vermelhas não vieram das índias,
Nem o branco da lua,
mas todos são filhos de Tupã
É realidade, seu moço...
É pouca educação popular
Para saciar a sede e sorrir...
Ih! já foi.
O poeta Limeira
Casas sem reboco, conflitos
Políticas públicas em outra via
Desde a diáspora africana
A gente não se via, quanto tempo!
Somos várias etnias.
Os navios negreiros eram uma bagunça
Vamos arrumar a casa, vamos varrer
Vamos tirar o lixo que não dá para reciclar
Nos aterros invisíveis.
Vinte de novembro de dois mil e dois,
A lua brilhou, era o reflexo do sol
Contar labores, sabores de viver
Povos apenas se complementam
Mas nada se concretiza... Alá...
E o poeta Limeira então conclama:
“Faremos Palmares de novo”
Com a sede dos tambores
Para não estalar os açoites.
Famílias em banzo
Cotas para negros, capitanias hereditárias?
Não...
Pelourinho era lugar de castigo,
Agora é alegria e lazer
Transformar dor em amor
Dar direitos aos desprivilegiados.
É levantar uma questão social
África repartida, essa história não foi pão
Europa desfrutava das riquezas nas nações
Vidas e vidas, cabeça de negro
Famílias em banzo, revoltas e medos
Não vou discutir com você
Sobre cor, sexo, política ou religião
Só queremos reconstruir
Depois do apagão.
Sofrer mais, não,
Queremos solução,
Reaja, lute e mude
Se ligue, minha nação.
Militantes em ação
É dever de todos o levante da sua história
Zumbi, João de Deus, Revolta dos Búzios, Malês,
Blocos afro, troças e afoxés
Escola de samba na ponta da língua e do pé
Baianas despacham os bolos de acarajé
Bororô para o velho ... atotô
Macumba ou bozó, é só preconceito
Índios, MST, tanta terra na esfera
Nesta terra vigora a lei do silêncio
Nas caladas noturnas ou do dia
Racismo, extermínio para negros, índios,
Brancos pobres e sem direitos.
Na lei clandestina, não dá gosto fazer rima.
Agora cabeça para cima,
Educação e cultura e
Arte. Nossa arma é pra valer.
Detona...
... militantes em ação.
Jorna...u
Tive de engolir sapo para aguentar
O saco da minha patroa sinhá...
Cachaça virou água na boca do povo
E o mal alimentado frita um ovo
Sai gritos, berros,
Nomes do oitavo escalão dos desagrados,
Mas a língua dos que não frequentam a escola
é diferente... zorra...
...porra...
Despirocado, lá vai o cara travado
na ponte que liga até a sua casa.
Ele não cai, está seguro,
Bêbado sabe demais, mas fica calado,
Tauê... na baixada,
Ninguém sabe, ninguém viu,
Tira de tempo o cana,
E o malandro tomba,
Quebra a quitanda,
Um planta o outro leva de bacana,
Mas feliz é viver.
Aqui é um paraíso,
Escambo pra lá e pra cá...
E nossa maior riqueza caramba,
É não ter dinheiro pra gastar.
Vamos lá no jorna...ú
Sempre tem uma saída.
Pião Doido
Cortaram a luz, cortaram a água
O pião ficou doido, ficou sem nada
O pião acendeu a parada
Ligou a luz, ligou a água
E quando chega a eleição
Ele toma uma solução
Não vai lá, não
Deixa de ser cidadão
E se isola da nação...
Quem constrói os arranha-céus?
Quem desfruta da morada?
Quem aumenta os salários
do herói trabalhador...
Ser patriota, requer amor
Mas a bandeira ele levantou
Era penta e deu grito de gol...
Brasil... zil... zil...
Vamos lá, pião...
O doido varrido achou soluções...
Problemas jamais...
E sempre, e depois!...
E salve a natureza
Papelão, latas, garrafas pety... joga fora.
Restos de alimentos... joga fora.
Palavras construtivas... joga fora.
Até onde vai... recicle suas idéias.
No lixo está a saída Para o desemprego,
O meio-ambiente quer respirar dias melhores
Chega de fumaça, odores,
As nuvens não aguentam mais
As águas expulsam as sujeiras
A terra quer voltar a ser fértil
O homem está vendo a natureza falar.
Árvores vão ao chão
Folhas que curam
Águas regradas
Homens com sede...
Vidas preservadas... natureza contente...
Alegre em dias de paz...
E que prenda os marginais...
E salve a natureza.
Agosto de 1798
Em agosto de 1798
Se viu explodir a Revolta dos Búzios
Alfaiates, ex-escravos e soldados
Todos unidos em prol da liberdade.
Arerê, argolinhas
Arerê em comum
Arerê, arerê, arerê.
Homens que reivindicam
Cidadania pra essa gente
Tua história, teu passado, teu presente
Do Pelourinho à Piedade
João de Deus como sofreu
Toda discriminação
Jesus negro renasceu
Arerê, argolinhas
Arerê em comum
Arerê, arerê, arerê.
Toque das trombetas
O toque das trombetas vai falar
Falar, falar...
A fúria dos leões
Vai se calar,
Calar, calar..
Se salva uma vida
Salva o mundo
Mata minha sede, minha fome
Purifica a minha alma
E me conduz.
E com Deus
Eu vou seguindo os passos
Eu vou seguindo a tua luz
Onde mora o bem
O mal se afasta
Pois a justiça é divina.
Clarividência
Marley devoto do Deus Jha
Insígnia de uma grande raça
E lá no topo do universo
Igualdade, liberdade pede o teu regresso
Seja nos guetos ou nas favelas
A luta insinua que abram as janelas
Para entrar a paz e o amor
E a energia cataliza a negra cor
Cla, cla, cla clarividência
E diga cla, cla, cla, cla clarividência
Babatundê...na tenda
Yatundê...na tenda.
Maria Engoma
Maria Engoma, na Engomadeira
Engomando o couro para festejar
Maria Engoma, na Engomadeira
Já bateu o martelo lá no Afonjá
Maria Engoma, na Engomadeira
No Beiru, Bate-Folha, Naganzo de Obá
Arca do Axé, Pai Burokô
Esse povo da cadência Ijexá
Samba de caboclo é Cabula
Bate-folha no corpo e não lê a bula
Levanta que o tempo é de Murici
Cada um cuida de si
E Olorum de toda natureza
Nossas origens, nossos costumes
Não posso me calar
O caldeirão cultural ferve dentro de mim
Ouço o batucajé
E fogos de festin...
Axé!...
Maria do Cabuletê
Bebeu na moringa
Quebrou a cabaça
Na roda de bamba
É Maria do Cabuletê.
Na roça do axé do Cabuletê
Erês são meninos
É Maria do Cabuletê.
Canzuá das mandingas
Vem gente bonita
Onde a fé nos alcança
É Maria do Cabuletê.
Na fonte de Nanã
Vem banhar a cabeça
Do seu guardião
É Maria do Cabuletê.
Hino dos afro
Afro são responsáveis para difundir
nossa cultura
Mesmo que o sistema queira nos abafar
Eu chego lá
Chega de discriminação e preconceito
Heróis na resistência, batem no peito
O nosso sonho se concretiza
Salve a natureza, nossa mãe África
Es a razão do viver
Quem tem fé irá viver
Eu digo, Zumbi...
Você está vivo, os erês são seus filhos
Nos canzuás da resistência... quilombola
E todos os dias é dia da consciência.
Meu Brasil...
Seja lá nas Américas, Jamaica
Norte ou sul
Na diáspora que convoca
Todo mundo... alujá
Pela sede de justiça e reparações.
Afirmativos chegando lá... se expressam
Tocam... tocam o navio Ijexá...
Chegando lá...
Dialeto Bandido
Saudade que tenho da aurora do dia contigo
Eu pego carona no teu dialeto bandido
Em toda via seja lá onde for
De boca em boca no correio nagô
Não quero papo furado
Só quero estar com você
Nos momentos difíceis ou na hora do prazer
O mar é infinito pra mim e pra você
Reflete em ti o verde do jardim do amor
Levanta assim a nossa emoção
Batendo forte nossos corações.
A Cor Dendê
Eh dendê cor, dendê cor, dendê
Sou da flor do dendê
Da morada de Ifá
Do Beiru, Engomadeira encabular.
Pega a massa e prepara
Para ir ao fogo
Rodando a saia
Haja fôlego... baiana faceira
Es tão linda de se ver
Vestida com os axos do teu axé
Se toca foguete
Vai rolar candomblé
O caruru é de 7 meninos
Tem quatorze quiabos
E vinte e um não vou contar.
Pedra da Sorte
Ô minha linda Pedra da Sorte
Se tem vento sul, tem vento norte
Eu só tô querendo só te ver
O corpo e a mente se unem
As cordas do violão são de aço
A lua se esconde nos altos
E a flecha esculpida no braço.
Segredos na arca encantada
Fiquei rico de sabedorias
Fiquei feliz por te ver
Acendi a fogueira em teu coração
Mas sabe que tudo só foi uma grande ilusão
Ô minha linda Pedra da Sorte!
Linda Flor do Massapê
Te conheci lá no Nordeste,
Ô linda Flor do Massapê,
Diz que faz e acontece
No luar guardei teu brilho
Vai no nascer do sol
Lá está o meu abrigo
Que eu só quero namorar
Na noite de animação
Na festa da padroeira
E baião ou gozação
Na feira do caxixi
Belos frutos tropicais
Pra exportar pro meu Brasil.
Ô linda Flor do Massapê
Escreveu, tu quer me ver
Ai que saudade de ocê
Ô pega o boi, ô laça o boi
Ô pega o boi, ô laça o boi
Pega eu bumba-meu-boi
Ô capangueiro,
Eu sou vaqueiro.
Quebra coco no meu quintal
Quebra coco maracatu
Quebra-quebra, deixa quebrar
Bate na pedra o coco pra quebrar.
Roda pião, roda pião
Pião só sabe rodar
Roda pião, roda pião
Um é ímpar, dois é par
Viola que chora
Pois terra rachou
Na chuva ou na seca
Viola tocou.
Saudade dos velhos tempos
Influências poéticas de Wally Salomão
Nos velhos diários oficiais
Que eu sempre lia
Na época do cartório da Sé.
A melodia de Brown compositor
Do afoxé Naganzo do Beiru
Eu nunca esqueço
Das cantigas das festas de largo
Dos sermões de Mário Gusmão.
Ser Domingos Sérgio é ser
Todos os oprimidos e marginalizados
É ser fiel, saber lutar e não desistir
Pela educação, cultura e arte
De sobreviver, viver, buscar qualidade
E um futuro melhor.
Mas Ivan da Sitoc também me ensinou
Afro, afoxé, Elba, Cazuza, Camisa de Vênus
A voz de Lazinho, Gal cantando Corisco
Enfim, cadê o MPB Shell?
Estou com saudade...
Todos os meus sentidos
O seu gingado é que me faz tão bem...
No seu pensamento quero viajar
Então me leve no seu balancê
Nas curvas do seu corpo tem prazer
Não dá, não dá
Tô morrendo de saudade,
Quero lhe encontrar
Sentir ver, pegar e tocar
Todos os meus sentidos
Querem lhe provar.
O sorriso da natureza
A noite encontra o dia
Com o sol fervendo ao brilho do mar
As gaivotas voando sobre as ondas
Mas a noite chega, a lua aparece,
As estrelas brilham e o dia amanhece,
Nasce o sol da meia-noite.
Esperança, ai se não fosse ela!
Respirar, ai daquele que não se alimente do ar!
Mas o belo está triste
E depende de você, depende de nós
Juntos podemos devolver o sorriso da natureza.
Peneira do amor
Meu amor, não tapa o sol com a peneira
Vive só se requebrando noite inteira
Quantas estrelas tem o céu?
Eu não sei
Dobro a aba do meu chapéu
Pra te ver
Menina, que o sol peneira,
Eu já vou
Menina, quer peneirar,
Meu amor, na corda do violão?
Vem, mainha,
Que toca no coração, bem baixinho
Quem me dera ter você
Só na minha,
No samba do meu viver,
Malandrinha
De papai, mamãe, vem brincar
De mamãe, papai, vem me amar.
Terra dos índios
O cachimbo do índio
Cachimbando pela paz
Ouço o som dos tambores
Dos seus ancestrais
Jaci, Guaraci,
No sol, no luar,
Tupã me valeu nas ondas do mar.
Olha o pulo do gato do mato
Nas matas do Brasil
Caboclo e índio
Sonho tão anil
Verde mar, cultura em ouro
Em toda a América,
Você é o tesouro
Ameríndios
terra
natureza.
Sonho de criança
Eu quero reluzir em teus caminhos,
Odara
Para que eu possa prosperar
Pai e mãe,
Não tem senhor, não tem sinhá
Que me faça trabalhar
Sem ganhar o meu tostão.
Panela no fogo,
Quem te viu, quem te vê
Com azeite de dendê
Indumentado de Ilê
Cabelo de trança balançava no massapê.
Teu sorriso, tua dança,
No meu sonho de criança,
Salve o toque dos alabês...
Nação Ketu
Uma geração que passa, outra que fica,
A nação ketu pelo mundo se espalhou
Essa é a luz que se estiliza na cidade
Na escuridão da noite, eu vejo a lua
Quando ofusca a grande aurora
No reino das matas, atirei uma flecha
Na lágrima de uma inocente pessoa
O infinito canto das sereias
Espelho ou leque
Nos cativa de amor e esperança
Naquela manhã, o sol dourado me fascinou
Hasteada a bandeira no tempo
Foguetes anunciavam o candomblé ketu-nagô
Todos de branco
Oxalá e as águas de flor
Águas para quem quereis saciar.
Fogo da justiça
Andar, dandar, pelos caminhos do sol
Andar, dandar, pelos caminhos do mar
Andar, dandar, pelos caminhos do luar
Andar, dandar, ouvindo o mensageiro falar.
Búzios moeda, búzios revolta
Búzios se jogam nos segredos de Ifá
Os tambores estão rufando
Pela igualdade e a fraternidade
Homens de lá, homens de cá
Criolo, quibundo, tupi, yoruba.
O sonho dos oprimidos está registrado
No livro do fogo da justiça
Kaô não se cala
E com seu raio que parte as maldades
Onde fores, onde andares.
Reflexão 1988
Quem me entende, sabe porque luto
Quem não entende faz pouco
E desafia minhas capacidades vitais
De falar, pensar e realizar.
Que a luz que entra nas portas
Ao amanhecer,
Acorde, alerte, grite o ser que dorme,
Inocentemente flutui nas ondas da vida,
Para que haja liberdade de viver
Entre os homens.
Só Deus remontaria num só dia
Chorar não adianta, adianta lutar!...
Candomblé religião
De três princesas africanas
Surgiu na antiga Barroquinha
A nossa religião, o Candomblé,
Tão bela quanto as outras religiões.
Adeptos, lessen orixá, emanados pela fé
Miguel Arcanjo, babalorixá,
Precursor lá do Beiru,
Cultuador dos elementos da natureza;
Rufino do Tomi Bocum;
Minha Gal, lá do Arenoso.
Podamin Bominfá é um canzuá
E Santinho, Rosa, Marcos do Ilê,
Regi, D. Jucélia, D. Maria Rezadeira
Luís da Engomadeira,
D. Urania da Casa Angola Branca,
E suas Irmãs.
Meu ori
E não me importa, não
Eu posso ser o primeiro,
O segundo ou terceiro...
E não me importa, não
Eu só quero mandar uma mensagem
Para o mundo inteiro.
Ouço vozes da África
Meu ori me faz cantar,
Desabafar todos os meus sentimentos,
Vou mergulhar nesta riqueza
Da nossa cultura afro-brasileira.
Meu avô Pinheiro
Era português dos olhos azuis;
Minha avó Joana era negra
Tão alta e tão bela;
Minha avó Julieta era cabocla
E meu avô Gregório
Me levou na Cachoeira de Oxumaré, em São Bartolomeu,
Para nunca mais eu esquecer minhas origens.
Tá no meu ori
Olorum, pai... obrigado...
salve todos que têm fé.
Alagobada
Tu já foi em Alagoas?
Eu não, Bahia,
Mas nasci foi em Penedo
Desde criança vivo em Salvador.
Tua cidade é tão bonita!
Tira um tempo e vai por lá
Só filha de Alagoas
Na igreja nova cai garoa
Cai, cai, cai,
Cai, garoa
Tem coco, baião, tem gente boa
Nordeste Bahia é coisa boa.
Tu fala ou canta entoando o arrastapé
É negro com índio, é negro fugido
No batucajé da tua fé
E a Serra da Barriga, Zumbi
Quilombola ecoa na maré.
Rap, quizila de rua
Na rua, só se aprende o que não presta
Na rua, não se encontram amigos
Pra chamar pra estudar.
Só se encontram inimigos
Chamando pra roubar, fumar e bagunçar.
Ei, amigo, faça a paz com o inimigo...
Em nome das matas
Vamos salvar as vidas.
Em nome das águas,
Lavar as feridas.
E o sistema se cala
E pouco se faz.
Samba da vida
O vento me leva, quiô, quiô
Eu não sou brincadeira
Eu vim pro samba,
Pra não ficar de bobeira.
Hoje a maré está mansa
Feito sorriso de criança
Nada me faz desistir
Desta luta, destas andanças.
Jóia rara é ser feliz
Na humildade por um tris
Transformando e recriando
Lá vamos nós...
O Brasil é nosso país
Sempre venço as batalhas
Com armas que não ferem
Cantarolando sempre com emoção
Levo as mensagens de união
Mesmo que muitos não me ouçam.
Nosso tesouro
É de luz que brilha
O ouro da sabedoria, nosso tesouro
Quem vê não pode tocar
Olorum é quem protege e não deixa furtar.
O guardião está em alerta
Guerreiro de mariô
De tempo em tempo, atiça o bororô,
Sacudimento de folhas,
A natureza é tão bela,
É lá que eu guardo o meu amor.
Neste mundo de ambição desgovernada
Na capoeira, encontro a ginga
No passado tão sangrento da nação
Orixá é orixá...
Santo é santo...
E sincretismo tirando de tempo
Em todos os cantos...
Povo de fé
Salve o povo de fé
E quem não é da fé?
As muletas do velho
São de luz
E quem guia para os caminhos
Num flash da sua dança tão vigorosa
Saudamos então: atôtô!
Agô, eu peço licença
Agô, eu quero passar
Agô, salve todos os orixá
Agô, na paz de Oxalá...
África
Eu digo África.
África, és um fenômeno
Um sorriso ancestral
Que sopra lá e sopra cá
África,
Es um vento austral
E mais que um direito,
Direitos humanos
Direitos já... África.
Ouço vozes da África
Por isso quero cantar,
Desabafar todos os sentimentos
E mergulhar entre o céu e o mar
Deixar o vento soprar.
Ouço vozes de África-Bahia
Deixa o povo emanar!
Dezembro 2002
Cenas de violência e palavras
Há verdadeira apologia ao crime
Não basta a corrupção, cara!
Vá estudar que é melhor,
Senta na cadeira de doutor!
É difícil, então comece a lutar
Desligue a Tv, vá menos à igreja
Beba menos, consuma menos supérfluos
Pare de se drogar,
Então comece a economizar
Para com a educação a gente mudar
Pare e pense, ouça essa letra,
Morô?...
Resistência da fé
Eu vou navegar nos sete mares
Eu estou a bordo da Arca do Axé.
Lessen orixá funfun,
Olha o sopro da vida!
Resistência da fé
Lessen orixá funfun,
Só há um rei, que é Deus.
Lessen orixá funfun,
Na busca de bem comum
Obatalá ...
Oxalá, Oxalufã, Oxaguiã.
O verbo em alerta
Está sorrindo por quê?
Da mesma forma que o mendigo sofre,
Nós estamos sofrendo.
E ainda dizem que no Brasil
Não tem preconceito.
É fruto do racismo, das sequelas da escravidão
Me prove o contrário.
Meu pensamento está na contra-mão
E muitos são teleguiados pela dominação.
O
verbo
alerta
as mentes.
Leia
e
fique
consciente.
Narrando nossa história
América,
Sua tradição é escravocrata.
O negro e o índio
São resistência aos absurdos
De ontem e de hoje,
Em busca de um futuro melhor,
Bem melhor do que o presente.
Se você está inconsciente
Tá na hora de se alertar,
Encabulando os encabulados.
Quilombos modernos é resistência
Reparação aos desamparados
Já, mas não foi possível...
Malandro
Toquei fogo no canavial
Faltou cana para os bacanas
Que faziam a sujeira no fundo do quintal
Levantando a poeira...
Começava sexta-feira
Terminava segunda-feira
Levantando a poeira
Não tinha hora para acabar
Quem quisesse, que se acabasse.
E zé fini... malandro!
O censo
A nega me chama de nego
A preta me chama de preto
Mas não posso negar a minha cor.
Não precisa fazer o censo da negra Bahia.
Afrodescendentes: costumam-se dizer
Ilê Aiyê estimula o povo a pensar,
A auto-estima se faz no cantar
30 anos dos afro
desde o melô do Banzo,
Puxada Axé, Arca do Axé
e outros mais.
Alguns desistiram, outros resistiram
E a luta tende a continuar.
Nossas identidades
Paz, eu quero paz,
Olorum é mais
É a voz dos nossos ancestrais,
Viajando no coração da África
Vivendo em comunidade,
Lá estão os Ashipa.
Pierre Verger com o Mestre Didi
Encontrou nossos traços culturais
Nossas identidades milenares.
Viver é tão lindo, em comum
No canto, tão comum em comunidade
É de pai, é de filho
Ou é de netos.
Os filhos do pai e da mãe das águas
Do ar, da terra, do fogo, das pedras,
Das matas, menos da solidão...
Por isso ou por aquilo
Quero viver em comunhão.
09-05-1988
(aniversário do meu avô)Manuel Pinheiro(português)
Meu coração chora, lastima meus problemas,
A vida pára tudo dentro de mim.
Mas penso em Deus, a força da fé de viver.
Tudo me relaciona, todos me preocupam
para que tenha um destino diferente,
melhor, próspero...
E que as coisas boas se multipliquem
entre aqueles de bom coração.
Naquela semana se refletia os cem anos sem abolição,
estava mexendo comigo,
pois eu sou uma das raízes profundas do Movimento Negro
em prol de dias melhores...
Encanto yorubá
Posso sentir tua humildade
Que floresce e se espalha
Es tão doce quanto as águas
Es do trono lá da África.
Tambores soando,
Vem de lá vem da Baixa de Nanã
Conversando ao pé das árvores
Que rodeiam o Afonjá.
Balança de cá
Balança de lá
Nesse encanto yorubá.
Comum-Nagô
Quero viver em comunhão
Quero viver em comum-nagô
Quero viver em comunidade
No Candomblé do bisavô.
Toque um alujá pra eu ouvir
Vem do Afonjá, tá no ori.
Salve o verde que se faz presente
Nesta roça do Ilê Axé,
Salve o nosso subconsciente
Bahia – Nigéria – África.
O som que embala é ijexá
Nas ondas que banham a nossa baía
Fé, alegria é a cara dessa gente
E 20 de novembro, muito mais que consciente,
Resistente no mundo dos vivos...
Axé.
Fofoca
Você não vive melhor
Por causa das fofocas
Na minha língua é ejó...
Fofocas
Falando da vida alheia
Conversando fiado
Para pagar depois.
Minha orelha esquenta
Sua língua é pior que pimenta!
Ninguém aguenta,
O sindicato da fofoca já abriu inscrição
No dia da comemoração
Não vai faltar... fofoca
O povo não vive sem ela.
União Africana
Que sopra e me faz navegar.
África... África,
Vejo suas pinturas rupestres, sim
Totemismo marcante na religião
Vejo máscaras africanas...
Não se pode julgar sem saber
Pois a bela estética está no seu interior.
Eu digo homem negro,
Negro homem,
Por isso clamo por África
Quero ouvir ecoar nossa linda canção
Diáspora... sementes... África...
Se espalha pelo mundo.
Mãe Natureza
No horizonte, entre o céu e o mar
Ele sopra, o vento nos traz bom ar.
Sempre passo nas baixadas
Lá da Babilônia, Nanã,
Entre Engoma e o Beiru.
O leito do rio foi contaminado pelo homem.
O rio morreu, garrafas pety, plásticos, lixo
Cachorro morto, insetos, doenças
E um mau cheiro, parece encosto... saravá!
E próximo às igrejas fazem descarrego,
Coisa de candomblezeiro (crentes e adeptos)
O sincretismo não pára por aí,
Mas as soluções ficam boiando
Na desinformação generalizada pelo sistema.
Mas na Tv se vê propaganda ecológica
E o povo que vive nas periferias,
Nos leitos dos rios não foram educados para a evolução.
Imagine os nossos doutores, os nossos políticos...
é chegada a hora de acordar.
Mãe Natureza precisa viver.
Meu ori serve ao pai
Tudo dado com amor
Se propaga o esplendor.
Pela vida na terra se acende a tocha da paz,
E abre os caminhos para o renascimento
De pensar, de ver em cada ser, novos rumos.
Minha imaginação vôa,
Meus sentimentos ecoam,
Meu corpo está em ação
E o meu ori serve ao pai.
O criador sabe, não precisa dizer
A humildade e a solidariedade
E a nossa riqueza
Nem todos exergam.
É uma pena... seu moço!...
Semelhanças
Terra de ébano,
O homem queimado pelo sol,
Negra Etiópia-Egito-África,
Negra Bahia-Brasil-odara,
Semelhança no estilo de vida.
Conhecer o nosso antepassado
Ser fraterno e acreditar no futuro,
No presente, nessa gente...
E nada mudará a riqueza
Que congrega no subconsciente
Cada povo, cada língua
Costumes em intrigas.
Mas sempre haverá fadigas?
Do cordel aos tuaregues
Cavaleiros azuis do deserto
Do mulçumano aos evangélicos
Do pedreiro ao engenheiro
Semelhanças no estilo de vida.
“Bloco Afro”
30 anos
Foi no Melô do Banzo...
Canta Olodum
Fala Ilê.
As sementes do rastafarianismo brotaram
Pinturas rupestres nas estampas
Ouro, marfim, incenso, especiarias,
Abissínia, escritas, leão africano,
Etnografia, segredos milenares,
Máscaras, simbologias, tótem,
Rivais de fé... para quem quiser.
Saariana, safari, savana...
Lá vem o batuque.
Búfalos, girafas, fauna tropical
Cenas de caça, danças em rituais
Movimentos, culto ao antepassado
Práticas mágicas, o mundo dos espíritos
A fome e a seca, o homem e a natureza
A exploração dos europeus... ganância
Na partilha da África... independência das colônias
Você conhece a sua história?
Precisamos conhecer...
O pouco que sei, já me identifica
Nos 30 anos dos blocos afro em 2004
Melô do Banzo, Ilê aiyê, Arca do Axé,
Afoxés, indígenas...
E muitos outros contribuíram para o carnaval
E o sócio-cultural construtivista linguajar nagô.
E salve todos aqueles desta embaixada afro-brasileira,
Mário Gusmão nos alertou...
Cici Ciranda
Ci... Ciranda
Ciranda, ciranda
Ela brinca de roda
E gosta de sambar.
Não tem pé de moleque
Lá no massapê,
Chama seu Alaô
Pra fazer arerê.
Choveu canivete lá no Tororó.
Na semente, na terra
A chuva molhou,
No sertão de meu Deus se comemorou.
Hoje é verde-amarelo
Do Brasil nossa cor.
Bússola do tempo
A minha tez
A minha cor da pele
De onde venho...
Da flor das águas
Renasce a esperança
No silêncio do ecossistema.
Minhas antenas capitam tecnologias.
Mas acordo na favela,
É meu dia a dia.
Computadores apresentam biodiversidades
Mando fax pros modernos
Pra acabar com os apartheids.
Eu já não sei para onde ir,
Bússola do tempo,
Eu não sei para onde ir.
Quem viver verá
Depois da caída do muro de Berlim.
Somália, Disneilândia da fome
Brasil sente o gosto da democracia
Um movimento contemporâneo.
Negro lindo colossal
Quem viver, verá...
Cidadão, cidadania
Vai prevalecer
No semblante dessa gente
A cada amanhecer.
Olha o choro do timbau!
Agora é alegria,
Vou cantarolando nessa melodia.
Perfil étnico
O impacto das religiões
Aflora teu mundo, Bahia!
Uma nação africana
Salvador, Cachoeira, eterna magia
Tá na pele, no sangue,
Na cor de toda nação.
Neste mundo dos vivos,
Perfil étnico da população
Bantos, fulanis, haussás, malês
Cultuam divindades naturais
Para o mundo viver.
Guerra santa, islâmica
Fator universal da África
Que não voltará jamais.
Escravos instruídos
Fidelidade pelo corão
Autocratizou toda uma classe
Não aderindo à permutação.
O poeta língua solta
A língua do poeta
É uma língua solta
Fala da tristeza
Fala da alegria
E a gandaia
Que não fica atoa,
Balançando lá no reggae,
Faz até canoa.
Um velho navegante
Guiado por estrelas
Os raios do sol aquecem as tuas teias.
Viajo pelo rio
Que se encontra com o mar
A bússola do tempo não pode parar
Eu amo a terra como eu amo o ar
Eu amo a Deus em primeiro lugar.
Cabulando
Conjugar o verbo
Cabulando, dando cambalhotas
Sai do Afonjá em 1935
Na Troça Carnavalesca Pae Burokô
Na década de 80,
Curtir o afoxé Naganzo de Obá
Nas terras do nego Beiru.
O berimbau soava, foguete estalava
Mestre Vavinho da capoeira,
Pedro Arcanjo candomblezeiro,
Seu Abaeté carnavalesco,
Rufino babalorixá,
Jairo Augusto, compositor, músico,
Artesão deste mundo afro a reinar.
Mundo negro, Alotixá, Astecas
Arrasta Lata, Zamzibar, Arca do Axé,
Fontes de águas naturais, flora e fauna
Pedaço da mata atlântica.
Minha Gal, Bate-folha...
Axé, axós, batás,
Ilus, engomas, ilês,
Canzuás e linguajar da resistência
Afro-brasileira.
Alto do Gantois
Era menino, indo pra escola
Próximo ao Alto do Gantois
Passava pelo pé de Iroko
Em frente ao Terreiro de Mãe Menininha
Em vida, esplendor que sobrevive
na natureza da fé daqueles que crêem
nesta força sobrenatural, fenomenal
como o vento áfrico...
Silencioso, brando, violento
Todos carregam suas qualidades,
Defeitos e diferenças culturais
Intolerância religiosa, xenofobia,
Apartheid, racismo.
Somos vítimas, reagimos,
Lutamos no passado
e no presente ainda resistimos
Triunfantemente para o caminho do pai Oxalá...
Só queremos paz.
Juc-Calabar
Tinha tudo, mas não tinha nada
Não conhecia as dificuldades da periferia.
Meu pai, minha mãe, em separação,
Eu no meio do conflito
Mas não fiquei na solidão...
Achei um porto seguro
Desbravadores do grupo
Jovens unidos do Calabar.
Não se calou, lutou, transformou
A nossa comunidade querida,
Antigo quilombo, pedaço deste imenso Brasil.
Muito ainda falta, mas do zero já saiu
Muitos são os problemas neste verde-azul-anil.
Vó Raimunda, com seu bororó,
Com coco e flor
Pé de Loco na ladeira,
Candomblé vira noite, era o povo de cor
E os preconceitos sempre nos açoites.
Desejo que os bairros levantem
Suas bandeiras de luta
Calabar, Engomadeira, Baixa do Reggae, Nanã...
E outros precisam de qualidade de vida...
É norte-sul, leste-oeste... se ligue...
Oriki Renato de Oxossi
Levanta-te Renato, renasce
Na luz que te guia do teu Oxossi
Caçador do reino de Ketu,
Atirador de uma flexa só, na tua crença
Em nossa senhora da Conceição da Praia
Nas águas salgadas do oceano,
Onde sempre banhava sua cabeça, onde na praia
Sempre desfrutou da natureza de Iemanjá,
Da areia, da pedra, do salitre, de Tupã, de Rá...
Fala com a mente
Fala telepaticamente
No olhar do subconsciente.
Nada te abaterá
Nem o pássaro enviado pela malvada
Feiticeira, flexará no peito com uma só flexa
Na hora certa, faremos e fizemos ebós,
Adivinharemos e curaremos tua enfermidade
Assim seja a vontade do Pai Olorum
Invocaremos a goiabeira, o balanço dos ventos,
A força das águas, as encruzilhadas do mar,
Sete ondas, Ogum Marinho, o velho Obaluaê, dono das bexigas e todos os orixás guerreiros como Ogum,
Sutil como Oxum,
Rápido como Iansã,
Justiceiro como Xangô
E harmonioso como Oxalá.
Sabedoria Milenar
É a voz, o saber ancestral
Encarnado no axé cultural
São traços marcantes desta região
Religião e a língua vem do coração
Nguni – Tsongas – Shanganas
Bantus centrais, bantus do sul
Curuzu – Liberdade, vem ver
Quioiô... vutlari é Ilê Aiyê
Ô me chama... vanwana
Sou um guerreiro ... gererê
Ô me chama ... vanwana
Moçambique – Maputo... vem me ver
Com a benção de mãe Hilda,
Eu chego lá, lá, lá, lá...
Benzido de n’sabas, pemba de oxalá
Adivinhos! Curandeiros!
Sabedoria Milenar
Adivinhos! Tinholo!
Sabedoria Milenar
1975, independência moçambicana
Da costa oriental, austral e africana
A Frelimo ergueu a justiça
Samora Machel revolucionário
Contra toda exploração...
Ê senzala... Aiyê
Barro preto... Ilê
Arte, cultura e educação
Fazendo o arerê
Fantástico Mundo
Teo, Teo, Teo...
Teologia...
Tem sabedoria a...
No casamento solar...
No fantástico mundo
De Tutancamon
Que tá na íris do sol
Nefertiti – tidon
O sarcófago o ouro da
Imensa poeira
E o rio Nilo-Olodum
Transcendendal mensageiro
Ori rê ri rê
Ori rê ô
Um olhar pro futuro
Ori rê ô
Totemismo marcante
Na esfinge do seio
Que pulsa pela liberdade
Leão soberano
Do negro guerreiro
Africanos da Bahia
Maria de Togoá
Foi avó de Iazinha de Nanã
Silvino era seu pai
Descendente de africanos da Bahia
Menininha, sua tia
Queria lavar suas contas de Ibêji
O seu pai não permitia
Crispina e Crispiniana numa só...
Maria de togoá
Menininha do Gantois
Neta e sobrinha, Iazinha de Nanã,
Nego Julio, seu filho compositor
Narando a história da Bahia
Com seus balangandãs
Axé porta-estandarte,
No afoxé da alegria.
Quando eu andanga
Tu paianga
(Quando eu vinha
Você já ia)
Dizia a velha Urânia da Cidade Nova
No balanço da jangada
No sopro da ventania
No barrufo, no açoite
Cai a chuva, cai o dia
Estrela divina negra
Falo das três africanas
Urânia, Dudu, Noêmia
e vó Raimunda da Calabar (odô bi)
Educação, cultura e religião
Se resumem na missão
São joão das correntes, muilá e luz
Corrente dos velhos babá
Na fé, na religião dos orixás
Saudando o tempo, com tempo, tem tempo,
Fruta só dá no tempo.
A serpente de Dan
Está presente neste canzuá de Angola Branca do giro
Todos de funfun pede agô
Mussuru daqué, silêncio nas matas fechadas
A mulher é igual a vidro, manga
Mas carrega a ancestralidade no ori,
Nos sonhos...
Adupé... Olorum.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
https://br.beruby.com/activate/